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MINEIROS | Reportagem do Fantástico destaca convívio de família com onças órfãs e também apresenta a reserva ambiental do finado Milton Fries

Por Eduardo Candido 06 Janeiro 2014 Publicado em Mineiros
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Biólogos e onças Biólogos e onças Reprodução/Fantástico

Dar mamadeira, ensinar os primeiros passos, preparar para o mundo. É ou não é um trabalho lindo? Mas não estamos falando de crianças. Estamos falando de onças. E de um emocionante esforço para preservá-las.


Você ficaria tranquilo vendo seus filhos brincarem com um filhote de onça?


“O Tiago participou intensamente da vida dos filhotes, enquanto filhotinho mesmo. Ele só está com ela enquanto a gente está assim pertinho, que tem total segurança”, conta a bióloga Ana Jácomo.


Que família é essa que cria onças no quintal de casa?


“Ela acabou de trocar a dentição e está numa fase de testar os dentes”, conta o biólogo Leandro Silveira.


A situação é de risco, mas Leandro e Ana são especialistas no assunto. Eles e o pequeno Tiago moram no Instituto Onça-Pintada, em Goiás, dedicado à preservação do maior felino da América.


Fantástico: Mas impressionante que ela pega a sua mão, mas não aperta?
Leandro: Agora ela está mamando, por algum momento ela relembrou da infância dela, nós tratamos, cuidamos dela na mamadeira, então ela está agindo até de forma estranha.


Leandro é o responsável por um projeto inovador no Brasil. A ideia surgiu quando ele começou a cuidar dos filhotes de onças mortas por fazendeiros.


“Nós resolvemos fazer esse trabalho pioneiro e testar se seria capaz da gente, o ser humano, de criar esses animais, treinar, dar oportunidade de eles caçarem, fazer o papel da mãe deles e voltar para a natureza”, destaca.


Em suma: ensinar uma onça a ser onça. Juma é o nome da órfã mais nova e carinhosa, que ficou brincando com a equipe do Fantástico durante a entrevista. Ela chegou ao local com três meses de idade.


Na área do instituto, Leandro solta Juma. Ela precisa aprender a dominar grandes espaços. Subir em árvores pode ser útil quando estiver na floresta. E descobrir o instinto predador também faz parte do curso de sobrevivência na selva. Ela praticamente nasceu no local, chegou como órfã, foi tratada na mamadeira, agora está com oito meses de idade.

 

Pantera é o nome dado pela família a essa outra onça órfã, que também chegou ainda filhote ao instituto.


“A onça preta, como a Pantera, é exatamente a mesma espécie da onça pintada”, explica Leandro.


Pantera não é tão dócil, e ficou meio irritada com a presença da nossa equipe.


“As orelhas estão sempre acompanhando todo barulho, a movimentação e ela está fixa em vocês”, conta o biólogo.


Quando crescerem mais um pouco, Pantera e Juma vão voltar pro ambiente natural delas. Uma viagem que vai acontecer agora com outras duas onças do instituto.


O nome do macho é Xingu. A fêmea se chama Luna. São mais velhos e sempre foram muito agressivos.


Fantástico: Você não entra mais aí?
Leandro: De forma alguma. Se eu entrar vai ter um acidente grave.
Fantástico: Eles que vão pro Tocantins?
Leandro: Esses dois vão pro Tocantins e vamos tentar essa possibilidade de reintegrá-los na natureza numa área bastante isolada de pessoas e de fazendeiros pra ver se eles conseguem ter uma segunda chance.


Xingu e Luna são anestesiados por veterinários e transportados com a máxima segurança. No meio do caminho, já tinham acordado.


Depois de uma viagem de mais de mil quilômetros, as onças chegam à fazenda onde vão passar por um estágio de adaptação.


São soltas com muito cuidado. Primeiro, o Xingu. Ele é posto numa jaula intermediária entre a sede da fazenda e uma área grande, de vegetação natural, mas ainda cercada.


Luna fica nervosa no carro. Está brava. Vai passar pelo mesmo caminho e encontrar Xingu do outro lado da jaula.


As duas onças exploram juntas a casa nova antes de serem devolvidas de vez à natureza. Estão sendo observadas pelo Ibama e devem ser soltas no fim de janeiro. O dono da fazenda cria gado.


“Pode parecer um contra-senso, mas eu acredito que a pecuária moderna, a agricultura moderna, vai ter que aceitar essa integração do meio ambiente com seu meio de produção”, afirma o veterinário Fernando Silveira.


A contagem do número de onças no cerrado de Goiás é feita por câmeras colocadas no Parque Nacional das Emas e em áreas de fazendas. No último levantamento, foi estimado que apenas 30 onças vivam hoje no parque, uma área de preservação da vida animal.


Ao lado do parque, o Rio Araguaia nasce numa propriedade particular. Uma das nascentes do Rio Araguaia originou a criação de uma RPPN, Reserva Particular de Patrimônio Natural. A iniciativa de criar a reserva foi do dono da fazenda, que conciliava a produção agrícola com o replantio de mata virgem em alguns trechos. A viúva dele dá sequência ao trabalho.


“A gente pode produzir muitos grãos sim, mas a gente pode preservar também”, observa a fazendeira Maria Fries.


O gerente da Reserva do Araguaia espera a adesão de outros fazendeiros, para que as margens do rio sejam inteiramente preservadas até o Tocantins, criando um corredor verde que ligue o cerrado à Amazônia.


“Os animais vindos do parque nacional das emas atravessam a RPPN, utilizam esse corredor da RPPN, chegam ao rio Araguaia e podem ir para o bioma da Amazônia também. E vice-versa os animais que estão retornando da Amazônia”, explica o agrônomo Dalton Nogueira.


Mas a realidade ainda é outra. Não há ligação entre os poucos espaços preservados para a fauna. As onças vão caçar nas fazendas de gado e são afastadas a tiros.


Xavante tem três anos de idade e foi criado no Instituto Onça-Pintada desde que era um filhote órfão.


Fantástico: Um abraço desse, mesmo carinhoso, pode ser até fatal, porque ele pesa.
Leandro: É, são 110 kg de abraço aqui e as vezes com unha. Então é um abraço pesado.


Xavante e duas irmãs foram a primeira leva de onças ensinadas por Leandro e levadas de volta para áreas de floresta. Mas Xavante precisou ser recapturado pelo instituto.


“O Xavante quando foi solto, ele e as irmãs dele, ele provou que era capaz de caçar, ele abateu presa, ele matou anta, ele matou queixada, mas ele também começou a perambular por áreas de pecuaristas e nós tínhamos receio de que ele pudesse ser abatido, como a mãe dele foi”, destaca Leandro.


Xavante deve ficar para sempre no cativeiro. Para o amigo das onças, a preservação da espécie depende da conscientização de todos os fazendeiros.


Fantástico: A solução não é recuperar os órfãos, é evitar que eles fiquem órfãos?
Leandro: Essa que é a questão. Esse que é o grande desafio que a gente tem em mãos.

Assista abaixo a reportagem completa: 

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